Projeto de jornalismo cultural feito por jovens

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Priscila Nunes · Porto Alegre, RS
15/9/2010 · 13 · 0
 

O jornalismo hoje está cada vez mais quadrado. A pressa cotidiana nos grandes veículos limita as reportagens, engessa matérias e torna os jornalistas reféns do “leadâ€. Contra isso, um grupo de jovens estudantes de comunicação criaram o portal “Nonadaâ€, que pretende provar que jornalismo cultural não é “jornalismo água com açúcarâ€.
Após voltar de um congresso em São Paulo, o estudante da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFRGS (Fabico) Rafael Glória percebeu que o Rio Grande do Sul carecia de um tipo de jornalismo com reportagens mais culturais, com a apresentação de vários pontos de vista e situando o leitor no contexto dos assuntos. Foi a partir desta percepção que surgiu a ideia de um site em que o conceito de jornalismo cultural fosse levado a sério. Com a ajuda de mais oito colegas e amigos, surgiu o Nonada – Jornalismo de Travessia. “Em maio desse ano após ter voltado do Congresso da Revista Cult de São Paulo, entendi que estava mais do que na hora de arregaçar as mangas e fazer o siteâ€, conta. E foi o que aconteceu. No dia 9 de setembro o projeto virou realidade.
Dividido em nove editorias, o site pretende reunir reportagens especiais sobre temas que, muitas vezes, não tem espaço na grande mídia. Leila Ghiorzi, também estudante da Fabico, é a responsável pelo caderno “Economia da Culturaâ€, assunto que é uma das novidades do portal. Para ela, participar deste projeto é uma oportunidade de lidar com essa área ainda pouco explorada pela mídia tradicional, mas que está crescendo: “As políticas públicas de cultura têm despertado a atenção de especialistas em cultura e em economia, mas não encontra respaldo no jornalismo atual.â€, comenta. Além desta, outras áreas como Histórias em Quadrinhos, jogos eletrônicos e TV serão abordadas nas matérias.
Outro ponto que o Nonada busca explorar é a aproximação com o seu leitor através das redes sociais: “Queremos utilizar todas as ferramentas que a internet proporciona também para se aproximar mais do nosso leitorâ€, revela Rafael Glória. No início, as pautas serão distribuídas, mas a intenção é receber dos leitores sugestões e colaborações. Além de Rafael e Leila, fazem parte do portal Ariel Oliveira, Cadu Caldas, Carol Marquis, Guilherme Brendler, Mariana Sirena e Maurício Cauduro. Com exceção de Brendler, todos ainda estudantes de jornalismo. E apesar de possuírem outros projetos em paralelo, como a faculdade, estágios e empregos, o Nonada não nasceu para ser apenas um “hobbyâ€: “o Nonada é uma das nossas prioridades e estamos tratando esse projeto com a seriedade que ele merece.â€, afirma.
Com a iniciativa de um projeto maduro, começam a buscar o seu espaço no concorrido mercado da comunicação e provar, como o próprio nome já anuncia, que o jornalismo é uma grande caminhada em que não se pode ficar parado, agarrado ao telefone e ao computador. É preciso olhar nos olhos, conversar, ir além, explorar todas as possibilidades para alcançar a alma daquilo sobre o que se escreve. “Estamos aqui para isso, para encarar a cobertura da cultura no jornalismo como uma grande travessia, para nos arriscarmos a entendê-la e, por que não, torná-la melhorâ€, finaliza Rafael.

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