Produção independente do Tim Maia é o Quinto álbum do cantor. Gravado quando o Tim estava em sua melhor fase, com sucesso na mÃdia, amadurecendo como artista, na melhor forma de sua qualidade vocal. Este álbum e seu sucessor o “Racional, Vol.2â€, no formato vinil, alcançaram o status de raridade, procurado por fãs e colecionadores em todo o mundo.
Edição para lá de limitada, a excelente qualidade musical do trabalho e a história mÃstica que envolve sua produção contribuÃram para que “Racional, vol.1†tivesse tamanha notoriedade atualmente, embora não tenha tido uma vendagem expressiva a época de seu lançamento.
As bases já estavam gravadas desde junho de 1974, antes mesmo do Tim pensar o “Racional,Vol.1â€, o que só aconteceu após a “revelaçãoâ€: com a vida desregrada e envolto com drogas Tim Maia, colocava em risco seu desempenho vocal, foi quando por acaso se deparou com o livro, “O universo em desencantoâ€, doutrina da Cultura Racional, seita fundada por Manoel Jacintho Coelho, que difundia a crença que seus fieis seriam resgatados por discos voadores e levados para o “Mundo Racionalâ€, para isso o fiel teria que se desmagnetizar,através da imunização racional, que se conseguiria lendo os livros do universo em desencanto.
Adepto da “Cultura Racional†Tim Maia se afastou das drogas, do cigarro e do álcool, converteu forçosamente todos os integrantes da banda “Vitória Régia†a sua nova religião, e, tornou-se o grande veÃculo de divulgação do “Universo em desencantoâ€, para a alegria do Sr. Manuel Jacinto, que teve um aumento considerável no saldo de sua conta bancária, com o crescimento de sua seita, motivado pela presença Tim e outras celebridades que este convidava só para conhecer.
Ao entregar o novo trabalho à RCA, gentilmente pediram que outra proposta fosse apresentada. Um disco doutrinário, envolvimento com uma seita desconhecida, grande chances de fracasso de vendas, eram problemas que a gravadora não desejava enfrentar. Tim comprou as fitas com as gravações da base e criou o seu próprio selo, o SEROMA, nome extraÃdo das iniciais de seu nome de batismo, Sebastião Rodrigues Maia, e lançou de forma independente o seu novo trabalho.
Quando finalmente Tim Maia se desencantou com o “universo em desencantoâ€, retirou os Racionais, vol. 1 e 2, de circulação, tornando-os mais raros ainda até o lançamento em CD, em 2006.
Deep-funk, Samba-soul, gospel-funk, reggae-suol, metais carregados, arranjos bem elaborados e a voz ‘recuperada’ do Tim, deram o tom da sonoridade desse trabalho.
Com algumas adaptações na letra a canção “Que beleza†ganha o subtÃtulo “Imunização racionalâ€, e versos como: “Que beleza é saber seu nome, sua origem, seu passado e seu futuro, que beleza é conhecer o desencanto e ver tudo bem mais claro no escuro...â€
Em “O grão mestre varonilâ€, Tim Maia, à capela, saúda seu guru da Cultura Racional: “ O grão mestre varonil, Manuel, o maior homem do mundo, homem sábio e profundo, semeou conhecimento, missionário da pureza, fez brilhar ó que beleza essa nova geração.â€
Em “bom senso†Tim Maia faz o seu ato de contrição e narra sua conversão a Cultura racional: “Já virei calçada maltratada e na virada quase nada me restou a curtição, já rodei o mundo, no entanto num segundo este livro veio a mão...â€
O que seria uma balada romântica vira uma espécie de peça publicitária em “Leia o livro o universo em desencantoâ€, na faixa “O universo em desencantoâ€, Tim Maia despeja com fervor a doutrina da cultura racional.
Nas faixas “You Don't Know What I Know†e “Rational cultureâ€,Tim Maia desfila seu inglês perfeito e interpreta com a voracidade de cantor gospel do Harlem, era Tim Maia sendo um autentico homem de religião.
Texto: Penha de Castro.
Referência bibliográfica: “Vale tudo, o som e a fúria de Tim Maiaâ€, de Nelson Motta.
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