Aos 35 anos, com 13 livros publicados e diversos prêmios literários, o gaúcho FabrÃcio Carpinejar, escritor, jornalista e mestre em literatura brasileira, é um dos destaques da 5ª Feira do Livro de Mossoró, que será realizada entre 4 e 9 de agosto, e do III Festival Literário de Natal, de 4 a 8 no Natal Shopping. Carpinejar vai estar em Mossoró dia 5, para um bate-papo à noite com o público, e em Natal dia 4, à s 20h, debatendo com o escritor potiguar Pablo Capistrano sobre “O mito do canalha: comportamento e sexualidadeâ€, uma referência a um de seus livros. O Solto na Cidade se antecipou e conversou com ele por e-mail. Confira.
Solto: Em dez anos, saÃram de sua pena mais de uma dezena de livros, muitos deles premiados. Como funciona sua “oficina de criação†e como administra seu tempo, uma vez que também dá aula, escreve em blog e ainda consegue se fazer presente em eventos literários?
Carpinejar: Atuo como colunista de jornais e revistas, faço comentários em rádios, tenho três blogs, dou aula praticamente toda a noite, viajo sem parar para palestras e oficinas, escrevo livros com dedicação e sou pai em tempo integral. Como? Não sei, mas sempre sobra tempo. Minha sensibilidade é hiperativa. Não deixo de fazer o que amo e o que desejo. Nada é por obrigação. Esse é o segredo: sonhar acordado. Nunca me falta sono. Sei escrever em ambientes barulhentos, a qualquer momento. O silêncio está em mim.
Solto: O contato com o público é algo que te dá prazer?
Carpinejar: É como escrever um poema. É como escrever uma crônica. É criação. Um luxo dos olhos. Nunca adivinho o que vou receber da troca e o que vou falar depende de observar primeiro o público. O passado é feito para o improviso, puxar uma lembrança e encontrar outra. Quando procuramos um livro, passamos a ler toda a estante novamente. Agradeço quando alguém não me conhece. Posso escandalizar com meu amor.
Solto: Fala sua: “Ensinaram ao adolescente a não gostar de poesiaâ€. Há como reverter?
Carpinejar: Sim, contando histórias, gesticulando com fome, fúria e som. Mostrando que o poema é uma urgência, uma forma direta e atraente de falar a verdade. Verso não é para enganar, é para devolver os enganos. É um estorno do nosso escuro. Não podemos usar a formalidade quando somos francos. A formalidade na poesia é falta de sinceridade. Seduzir é a arte de aceitar os defeitos.
Solto: Seu blog passou de um milhão de acessos. Você é um entusiasta das mÃdias sociais ou tem algum tipo de restrição a elas?
Carpinejar: Sou, acredito que podemos ruminar máximas e contra-senso pela rede. Somos ainda convencionais com as mÃdias. Queremos a redundância das amizades, queremos repetir as brincadeiras e os diários, queremos contar amigos e seguidores e deixamos de multiplicar pensamentos. Não percebemos o turbilhão social. É o suporte perfeito para um motim histérico da inteligência. O twitter (http://twitter.com/carpinejar/), por exemplo, permite mensagens de até 140 caracteres. Dá um belo verso, não? É uma oficina diária e gratuita de contenção e intensidade, de brevidade e iluminação. Dizer o máximo com o mÃnimo. Uma chance de ser clarão para quem perdeu a esperança.
Solto: Você tem sido descrito como um dos grandes nomes da poesia contemporânea. Em que lugar você se vê no enorme painel da literatura brasileira?
Carpinejar: Como sÃndico da nova geração. Dou passagem. Abro a porta do elevador. Troco lâmpadas. Quero ser o térreo de muitos clássicos. Minha imortalidade é o esquecimento.
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