Um grande amigo, chamado Washington, costumava aparecer de surpresa de tempos em tempos. Vinha para tomar um cafezinho, conversava até tarde da noite, daà ficava para o pernoite. Do pernoite ficava para o fim de semana e, invariavelmente, só se ia depois de um a três meses.
Como dividÃamos um apartamento de estudantes, ele à s vezes aparecia com a namorada para nos visitar. Vinha sempre recheado de histórias diferentes, e sempre namoradas diferentes também.
Certa vez eu e um colega nos preparávamos para jantar quando a campainha tocou. Era uma menina que procurava pelo Washington, havia marcado com ele de se encontrarem ali. Não sabÃamos de nada, mas como ele já havia comentado de outra vez daquela menina a deixamos entrar.
O clima, de inÃcio agradável, foi ficando constrangedor à medida em que a noite passava e nada do Washington aparecer, ficando claro que havia dado o bolo na menina. Ela trouxera vinho e alguma comida pois haviam combinado um jantar. Por fim ela decidiu que faria o jantar para nós e nós, famintos e constrangidos pela situação, aceitamos.
Ela fez o jantar, tomou um pouco de vinho a mais e começou a falar da vida dela. Primeiro começou a dizer que era bruxa. Que era algo que aprendera com a mãe dela e que fazia pequenos feitiços e que sabia se transformar em borboleta e entrar pela janela. É claro que aquilo nos divertia, pois vÃamos que ela estava visivelmente já alterada com a situação, mas não deixava de ser algo bizarro, pois parecia que ela nos contava isso como uma forma de ameaça, de promessa de vingança.
Em seguida começou a desfiar as tragédias da vida dela e a coisa começou a ficar mais assustadora. Era um tanto quanto louca, o que nos levou a compreender a razão por trás daquilo tudo: Washington, desesperado para se livrar dela, mas sem saber como, havia marcado o encontro em nossa casa, já com o intuito deliberado de não ir e deixar que nós lidássemos com aquilo.
A noite foi findando e ela foi ficando mais amarga. Começou a falar do marido que batia nela e nos namorados dela. Falou que o marido a seguia, que fazia halterofilismo e era campeão de luta-livre.
A coisa, que começara como divertida, passara ao constrangedor e chegara ao assustador. A vela antes romântica na mesa agora era um tanto bruxólica e eu e meu colega suávamos frio à espera do marido traÃdo que a qualquer momento arrombaria a porta e nos mataria. Por fim a comida, o vinho e a vela acabaram. Um silêncio baixou por um bom tempo e ela resolveu ir embora. Sobrevivemos.
Sobreviveram messssssssmo, rsrsrs
a gente nunca sabe a quem abrimos a porta.....nem do coraçao.
gostei do conto.
bjssss:
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