Bons tempos (2)

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Anacreonte Fonjic · Bolívia , WW
9/9/2009 · 2 · 0
 

É impressionante como Washington sempre conseguia arranjar confusão em ônibus, normalmente na linha do Rio Vermelho. Uma vez ele havia ganhado um velho chapéu de feltro de seu avô e não desgrudava daquilo. Tira isso Washington, dissemos, não cara, eu gosto do chapéu, ele disse. Tira isso, insistiu outro amigo nosso. Por fim uma outra amiga, já sem paciência, disse: Tira isso, Washington, você é o único idiota de chapéu no ônibus. E Washington gritou na lata: não sou, não! Olha lá, tem outro idiota de chapéu lá na frente.
É claro que o sujeito ouviu e tinha pelo menos uns dois metros de altura. Levantou indignado e queria a todo custo passar a catraca para espancar Washington, até finalmente ser contido pelo cobrador.
De outra feita, vinha um sujeito lá na frente aos beijos com a namorada o caminho todo. Lá pelas tantas a moça desce e começa a abanar para o namorado. Washington, todo metido, fingiu que a coisa era com ele e começou a dar adeus e mandar beijinhos também. Tudo passaria incólume se não fosse por aquela mesma amiga que o encrencara da outra vez, que gritou: uuuuiii! Aquela mocréia deu tchau pro Washington!!
De novo, não só nós, mas todo o ônibus, ouviu a frase e o namorado da guria logo se enfureceu querendo a todo custo pular a catraca para acertar as contas. Novamente salvo pelo cobrador. Até hoje ainda não descobrimos se o que enfureceu o sujeito foi o ciúme por achar que a namorada realmente havia acenado para o Washington, ou o comentário sobre a aparência física da moça.
Mas a melhor de todas, sem dúvida, foi o dia em que Washington chegou para nos visitar em Ingleses pálido, mais branco que mármore. Tinha perdido os ônibus anteriores e conseguira pegar o último que saía do terminal naquela noite. Seguiam somente ele, um aleijado e duas crentes quando entraram cinco caras e começaram a aprontar bagunça.
Lá pelas tantas um deles disse que iria comer as duas crentes, que logo desataram a chorar. Os outros se assanharam e logo decidiram que ninguém iria descer do ônibus, que eles iriam comer todo mundo, até o cobrador e motorista. O ônibus seguiu em clima de pânico e choradeira até que o motorista parou o veículo, foi até o meio do ônibus e gritou para impor autoridade: Olha, o negócio é o seguinte, não quero bagunça. Ninguém come ninguém até chegar no ponto final!
A ordem do motorista, ao invés de acalmar, mais incitou o pânico nos passageiros. Como Washington escapou desta é uma história que fica para uma outra vez...

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