Insólito

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Carlos Hollanda · Rio de Janeiro, RJ
27/5/2006 · 74 · 0
 

A chuva fina do entardecer já anunciava uma noite gelada. "Brrr" - Edgar tiritou de frio enquanto caminhava trôpego em direção à trilha esburacada. Ela levava até um pequeno vale onde situava-se uma antiga igrejinha já em ruínas. Nunca havia tido curiosidade de explorar o local. Não até aquele momento, quando viu algo que parecia uma produção de comercial de lingerie. Acontece que não havia equipe de filmagem, apenas aquela mulher estranha acenando. Ela, que vestia apenas um finíssimo véu branco, adentrou pela mata fechada. Normalmente cenas estranhas como aquela não o demoviam de sua rotineira caminhada vespertina nas proximidades da floresta, mas de algum modo aquela mulher que nunca vira despertou sua curiosidade. Achou que era algum tipo de brincadeira de adolescentes. Não se irritou, apenas queria entender como alguém conseguia agüentar todo aquele frio com uma roupa tão leve. Ademais, ele mesmo havia saído da adolescência há poucos anos.

Foi até a entrada da trilha em passo acelerado para alcançar a bela jovem seminua. Ela simplesmente desapareceu. Mas não era possível! A direção que ela tomou a levaria direto para um paredão de rocha de muitos metros de altura. Ela não poderia correr tão depressa. Nem motoqueiros que fazem rali em locais como aquele poderiam passar no estreito com tanta velocidade sem levar um belo tombo. E o pior é que ele não ouvia o barulho de motores, não ouvia som algum.

Súbito, um farfalhar à sua esquerda, na direção do sol que já havia mergulhado nas trevas noturnas. Correu para lá, mal sentindo os próprios pés, tendo dificuldade para caminhar, como se andasse e quase não saísse do lugar. Enfim chegou numa clareira onde a lua crescente já podia mostrar sua pálida luminosidade. No centro, percebeu uma árvore imensa projetando-se do solo até o que parecia ser uma altura de centenas de metros. Começou a sentir náuseas, um mal-estar tremendo, juntamente com aquela estranha sensação de vazio, algo que já sentira, pouco tempo após a morte de seu pai anos atrás. Simultaneamente o chão estremece e as raízes da árvore gigantesca serpenteiam em convulsão agonizante. Ele dá um salto para trás e sua espinha gela ao ouvir seu próprio nome.

"Edgar..." - O vento parece sussurrar. Não, não era o vento. Era uma voz vinda das profundezas que se abriram à sua frente, uma voz aterrorizante, mas ao mesmo tempo familiar.

"Edgar!" - A voz agora toma um tom imperativo, com sonoridade semelhante ao rugido de uma besta infernal.

Apavorado, Edgar se esgueira por entre os arbustos, sem deixar de perceber que a seu toque os mesmos se desfazem em pó. Chega bem perto da cratera e vê, junto às raízes eriçadas, duas pequenas chamas que crescem e crescem até poder perceber que não se tratavam de simples chamas. Eram os olhos fumegantes de um ser que irrompe violentamente
Leia o restante em: http://www.aldeiaplanetaria.com.br/Astro-Sintese/hollanda1.htm

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Autoria
Carlos Hollanda
Ficha técnica
Criação, textos, ilustrações do conto e montagem do site: Carlos Hollanda
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