A vida pela vida através da morte

Todos os sentidos estavam aguçados. A vida pela vida. Duas vidas que juntas deram vida através das formas. Pés, seios, abraços e cheiro. Corpos espalhados e jogados ao prazer dos olhos ao alento do frio que esfriava a alma deixando-a cálida.

A boca de Sanção beijava todo o nervosismo, a sombra da concepção que gera o prazer e do gozo a morte.
Conceber a vida ceifada através das mãos de um príncipe. Fechar os olhos e ver a pele preta e não negra. Corpos caminhando para a eternidade.
A gestação oportuna, não gerou uma vida. O filho de um casal hetero e formado por dois artistas plásticos personificou a dor e reavivou cenas brutais de um incêndio.

A vida morta deu a vida aqueles que já estavam sem vida – esta é a sumula concreta e perfeita que define a exposição de Rafael de Jesus e Luciano Novais: Via Pietà.
A exposição pós-moderna, foram enigmas para a retina de quem a visitou no último final de semana (3101/09). É de se perguntar, como os dois meninos conseguiram interferir na sociedade conflituosa de Pojuca.

As mais variadas reações chamaram atenção para a menina rica em meio à um cataclismo psicológico com choro e pavor frente ao menino de pés- no chão que entrou e pediu muitas informações.

A contraposição de informações deu o tom. A Plebe pojucana contextualizando um espaço, que geralmente é designado aos nobres intelectuais. O trabalho de Sanção ( Luciano) e Rafael , que teve apoio da Prefeitura Municipal de Pojuca, e da Organização Cultural Pojucana de Artes passou a léguas do elitismo.

A Cultura da dor e da memória reascendeu as formas de identidade nos Pojucanos. Artisticamente falando, podemos dizer que a VIA PIETÀ, deve ser considerada a maior exposição de arte de Pojuca que teve apoio governamental. Além disso, a mesma é uma mistura de movimentos sociais, interferência política, atitude filosófica e que suas obras através das sombras, das réplicas, do ar e do vazio no mínimo pediam consciência em todas as suas libertárias formas.



Texto Relese OCUPA

Há quase 30 anos atrás a cidade de Pojuca virou manchete nos jornais da época, chegando até em circulação nacional como por exemplo na Revista Manchete, o triste fato era reportado nas mídias da época como o "Trem da Morte".

Segundo dados da Revista Época de 1983, morreram cerca de 100 pessoas e diversas outras ficaram feridas depois que um trem carregado de combustível inflamável descarrilou na Rua da Piedade, cerca de 40 mil litros de combustível se espalhou rapidamente pelo local quando uma faísca não se sabe de onde fez com que tudo pegasse fogo.