ENTREVISTA COM MINEIRO MC
escrito por Linha 42 em 03/02/2011 - 17:07
Desde 1997 este mano está nos corre, em 2010 Lançou o seu quarto trabalho independente intitulado “Milianos Longe dos Holofotes...No Fundão do Calabouço Praticando Hip Hop†que reúne suas melhores músicas gravadas nos últimos 10 anos que fizeram parte de 3 cd’s independentes e uma coletânea de grupos regionais realizada por ele mesmo, dedicação e correria se resume neste mano, trocamos uma idéia com ele para saber um pouco mais de sua caminhada dentro da cultura hip hop, confiram mais uma entrevista do linha 42.
Por: Buddah (AbsurdoSonoro)
LINHA 42 : Há quanto tempo você esta nos corre?
Há 14 anos.
LINHA 42 : Com o passar do tempo obtivemos algumas mudanças no rap nacional, quais são elas? Você vê estas fitas como uma evolução?
Musicalmente sim, as produções estão melhores e diversos grupos estão vindo numa pegada diferente, isso é bom para o rap porque como em todo gênero musical tem que haver variedades, e isso não é uma regra, a evolução acontece naturalmente, não tem como evitar.
LINHA 42 : Você é um mano das antigas como você vê a escassez de DJs, que não vem de hoje, no rap aqui da quebrada, da nossa cidade, faz falta esses profissionais para o desenvolvimento do nosso rap, da cultura hip hop em si?
Infelizmente o que sempre fez falta no rap de Sorocaba foi DJ, são poucos DJ’s compromissados com a cultura hip hop e que fazem parte de algum grupo, o DJ é o elo entre o MC e o público, entre a execução da música e a reação que ela provoca na pista, ele foca e canaliza todos os sentimentos em um só, uma apresentação de um grupo com DJ vai muito além que um grupo sem DJ.
LINHA 42 : Sabemos que em Sorocaba e na região é difÃcil encontrar um grupo ou cantor com um DJ, por que você acha que isto acontece?
Quando é formado um grupo todos envolvidos tem que ter uma meta única, tem que haver amizade e confiança mútua entre eles em prol do projeto e todos se beneficiando igualmente, tem que rachar tudo mesmo, vinil, aparelhos e etc, se a agulha quebra todo mundo tem que comprar, se gravar um som o grupo inteiro tem que pagar e na real o rap não dá dinheiro pra todos que o fazem e o DJ precisa tocar, precisa de incentivo para continuar a desenvolver suas técnicas, necessita ganhar uma grana para investir no equipamento adequado, até entendo quando procuram outras alternativas musicais para sua sobrevivência artÃstica, fazer rap não é fácil prá ninguém.
LINHA 42 : Você era integrante do grupo Veredicto z.n, você traz algo desta faze no C.D?
Neste cd trago apenas as minhas 3 músicas que fizeram parte do cd demo do Veredicto z.n. intitulado “A Fraqueza do Homem†lançado em julho de 2009, são músicas que eu escrevi, escolhi as bases, trabalhei e paguei sózinho as produções e gravações.
LINHA 42 : Qual o motivo da saÃda do grupo e quando teve a iniciativa de fazer um trampo sólo?
Para uma famÃlia permanecer unida é necessário transparência, respeito, consideração, honestidade, palavra e atitude correta, quando não há a prática dessas qualidades o melhor é renovar a famÃlia e os conceitos e seguir em paz.
Eu já fiz outros trampos solos antes de colá com o Veredicto Z.N., correr só não é novidade.
LINHA 42 : Você se define da velha escola do rap nacional?Por quê?
Ao meu ver a velha escola do rap nacional mesmo é ThaÃde & DJ Hum,DJ Rafa, GOG, Racionais,Sampa Crew, Pepeu, MC Jack e por aà vai, eu tenho 31 anos de idade e de rap Sorocaba tenho 14 anos de estrada escrevendo, freqüentando, cantando em movimentos e gravando, então não fico muito longe da Old School aqui da área, mas pra mim velha e nova é tudo um elo só onde se aprende e se ensina a cada dia que se passa, a humildade deve ser a mesma entre todos.
LINHA 42 : Produção independente, o que você acha? Uma evolução? Por quê?
Já vem revolucionando e evoluindo há muito tempo, foi nesses últimos anos que se tornou mais acessÃvel e a vantagem do cd independente é que não tem prazos estipulados por gravadora, não tem intromissão dos empresários visando o lucro, ou seja, visando a balada do momento, o cd independente sai com a cara e visão do artista, o produtor de gravadora independente ajuda a banda ou cantor a se encontrar como artista não alterando sua real postura, a satisfação concerteza é maior.
LINHA 42 : Fale-nos um pouco de como é lançar um CD independente?
No passado era mais difÃcil a divulgação e distribuição do produto independente e hoje já não é, a net ta aà e há vários trabalhos independentes disponÃveis para baixar, há sites especializados em venda de cd’s e venda de shows, devemos explorar a net de todas as formas possÃveis, acabou o tempo em que as grandes gravadoras faziam todo o processo de marketing.
LINHA 42 : Fazer um trampo solo é mais difÃcil? Por quê?
Para mim até o ano de 2004 tudo era mais difÃcil, produzir base, gravar em estúdio, comprar e queimar as mÃdias, distribuir o cd, era osso mano, era só eu mesmo e gastava uma grana braba, deixava de comer e vestir rmuita coisa boa, depois que comprei o pc aà abriu um portão pra mim, instalei alguns programas e dixavei, foram madrugadas em claro fuçando, hoje com a tecnologia acessÃvel a um baixo custo ficou bem mais fácil fazer um trampo sólo, produzo meu cd em casa e muita gente já faz o mesmo também, tem que se apegar em Deus e ir pra cima das barrreiras.
LINHA 42 : Quais os futuros projetos e nos fale sobre a coletânea virtual que você pretende lançar, cite os grupos que estão participando e quando é a previsão do lançamento desse projeto?
Montei a gravadora “Conduta Record’sâ€, que é meu home studio pessoal onde estou gravando meu próximo CD e também outros grupos por um preço acessÃvel, não dá pra explorar os manos, sei que uma pá passa um perrê, quero contribuir para o rap da região e ver os malaco doido daqui fazendo show todo dia, conquistando espaço e arrastando mais guerreiros junto, dinheiro será a consequencia e reconhecimento de um bom trabalho, mas a satisfação mesmo é saber que as pessoas estão curtindo o som que você faz.
A coletânea virtual é um projeto que ficará disponÃvel para download em vários sites de rap/hip hop administrados por pessoas responsáveis que me deram um apoio na divulgação do cd (Milianos Longe dos Holofotes...), ao contrário de pessoas que te conhecem, sabem da sua caminhada e mesmo assim não tocam seu som na rádio ou em festas e movimentos de rua por motivos fúteis ou orgulho mesquinho e ainda dão desculpas esfarrapadas.
Já tem alguns grupos confirmados como Gênesis, Rebeldes Conscientes, DomÃnio Fatal, JC e outros, sei que alguns já não estão mais na ativa, mas minha intenção é divulgar boas músicas com conteúdo feitas por gente daqui que mora e vive aqui e não tiveram incentivo e oportunidade adequada.
Pretendo lançar até o final deste semestre, grupos interessados por favor envie seus mp3 para meu e-mail.
Conte-nos um pouco das experiências no Estúdio Fyabomb Record’s de Itapetininga?
É um ambiente amigável, O Dabliueme é um ótimo músico e pessoa excelente, gravei alguns sons com ele e ficaram ótimos, ele tem visão e trabalha com dedicação, o cara teve a humildade de me ensinar alguns macetes de produção e gravação, resumindo :Fyabomb Record’s tamo junto, é nóis.
LINHA 42 : O cd lançado (miliano longe dos holofotes), qual o conteúdo que encontramos nele?
O rap é música e por isso tem letras variadas,tem um megarapmix do DJ Chacall em homenagem aos grandes grupos do rap nacional que pavimentaram a estrada do hip hop, tem amor e paixão e tem ideologia hip hop, a periferia é um mar de culturas, dialetos,sotaques e costumes e não é 100% da favela que vive no tráfico e estoura blindado, tem gente que levanta todo dia cedo pra trampar, temos muita coisa prá falar na poesia rap nacional.
LINHA 42 : No lançamento deste C.D (miliano Longe dos holofotes) quais as dificuldades que você encontrou pelo caminho?
Foi ficar madrugadas na net caçando sites e trocando idéia (risos), muitos bloggers encontraram meu material em outros sites e ofereceram apoio, tem muita gente de boa vontade no hip hop mundão afora, as pessoas não pedem nada em troca, elas tem prazer em divulgar nossa cultura de rua, eu também gravo 20 cópias por mês e dou de brinde pra quem encontro por aà e não tem acesso a net pra baixar o cd, ainda não me dei ao luxo de pagar R$5.000,00 pra rádio tocar , mas tá firmão, a divulgação está indo muito bem, graças a Deus.
LINHA 42 : Estamos em um momento em que o rap se expandiu, e muito, nos fale um pouco sobre esta expansão e pra você isto influencia na sua corrida?
O rap é guerreiro, é um sobrevivente, supera e se adapta nas novas tendências musicais, passa ano após ano e ele tá sempre aÃ, pode ser gangstar, bate cabeça, pop rap, rapcore, raggamurffin, raggabeat, dance rap, samba rap, black, funk entre outros, ou o pai de todos os estilos que é o Freestyle, vai ser sempre rap, muda as idéias, muda a ideologia, alguns sendo contraditórios ou não influencia sim a corrida de todos e pode mudar discursos e valores dos futuros novos rappers e das gerações vindouras,mas gosto é gosto, cada um tem sua realidade e sua conduta, mas o respeito deve ser mantido, aprecio um bom instrumental mas o que me cativa mesmo num rap são as rimas com letras inteligentes e uma levada monstra.
LINHA 42 : Deixe uma mensagem para toda rapa do linha 42, internautas e leitores?
Agradeço pela equipe do linha 42 por me cederem este espaço, parabéns pela postura social e cultural deste site magnÃfico, vocês são ótimos, um forte abraço a todos os leitores, paz , saúde e sucesso aos guerreiros do bem, que Deus acompanhe todos vocês e não desistam nunca.
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