Lampião, o gay censurado

Recentemente, o Juiz aposentado Pedro de Morais lançou o livro "Lampião - O Mata Sete", que conta a história do Rei do Cangaço, Virgulino Ferreira da Silva. Aldo Albuquerque, juiz da 7ª Vara Cível de Aracaju proibiu a publicação e a comercialização do livro atendendo o pedido da filha do cangaceiro sergipano. Segundo ela, o livro traz informações falsas e ofende a família de Virgulino. No livro, Lampião é tido como homossexual.
E a história não para por aí! Ele teria sido um marido traído, já que Maria Bonita teria caído nos braços de outro cangaceiro do mesmo bando - Luiz Pedro, que segundo o autor, era a grande paixão de Virgulino.
Tudo bem, dizer que Lampião estuprava e matava a facadas garotas indefesas, saqueava bancos e fazendas, marcava o rosto de suas vítimas com ferro quente, arrancava orelhas, dentes, olhos, línguas e emasculava seus reféns é permitido; mas afirmar, como outros historiadores afirmam outras histórias, que Virgulino Ferreira da Silva era gay é uma ofensa. A palavra certa para isso é censura. É um veto claro à expressão do pensamento. Querem proibir a publicação de uma obra literária e quem sabe de uma grande verdade! A macheza do Rei do Cangaço não pode ser contestada. Ele pode ser chamado de assassino e de ladrão. Não de corno. Nem de homossexual.
Por isso, os familiares pleitearam a censura do livro. Simplesmente porque os chifres que tinha e a homossexualidade de Lampião ofende e ultraja a honra familiar. Embora o processo possa obter recursos, o fato em si chega a ser cômico. Esse veto deveria nos fazer pensar.
Nenhum tiro informativo deveria ricochetear na censura: ele tem de ir adiante.