Talvez nenhum evento bélico tenha sido tão sangrento e se tornado, hoje, tão desconhecido como a Guerra do Contestado. A batalha, ocorrida entre o norte e o meio-oeste catarinense, tendo como protagonistas os trabalhadores da estrada de ferro e o Exército Brasileiro é desconhecida não somente pela grande maioria dos brasileiros, como também por grande parte dos catarinenses vivos hoje, a guerra que ganhou a denominação de “batalha de movimento messiânico†tem origens muito distintas, que vão da falcatrua de uma multinacional estadunidense à corrupção, da desesperança de um povo ao encontro com seu lÃder.
Para reunir materiais e procurar atender à necessidade de muitos curiosos em saber do que se tratou a Guerra do Contestado, foi criada, há quase trinta anos, a “unidade museológica†que viria a se tornar, anos mais tarde, o Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado. Situado em Caçador, o maior municÃpio da região, o museu tem por objetivo sintetizar numa unidade uma história de anos e de milhares de quilômetros quadrados.
Sem contar o tamanho geográfico da batalha e a dificuldade em sintetizar no mesmo espaço seus diferentes motivos, existe o fato de se querer cristalizar (como forma de passar adiante uma história e tanto) fatos praticamente recentes aos quais a História do Brasil, por um ou vários motivos, tenta camuflar como tendo sido meramente mais um “movimento messiânicoâ€.
Dividido em quatro exposições permanentes, o andar térreo o Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado mantém abertas ao público as salas que contam desde a história dos primeiros moradores da região (sim, os Ãndios!) através de acervos de ferramentas feitas a base de pedra e cerâmica, até o inÃcio da construção da ferrovia e o inevitável conflito entre os ditos caboclos e as forças militares brasileiras. Mas tem mais: a região do Contestado denomina a região antes conhecido como Vale do Rio do Peixe e que por fins históricos e turÃsticos precisou mudar de nome. Mas o Museu dá conta de contar também a história dos imigrantes alemães que aportaram na região nos finais do século XIX e inÃcio do século XX.
Além das exposições permanentes, o Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado também expõe uma Maria Fumaça, que era o nome dado à s locomotivas a vapor, construÃda nos Estados Unidos por volta de 1910. Ao lado o atual museu, há um obelisco lembrando um dos primeiros campos de pouso do estado de Santa Catarina, que curiosamente só foi construÃdo para inaugurar um ataque via céu contra os guerrilheiros contestadores. Hoje, o obelisco à Aeronáutica e o Museu, resguardando a memória dos militantes, dividem o espaço em paz
Caçador, hoje centro da Região do Contestado, tem como tarefa preservar e contar a história de um conflito que, fora da região, parece não ter existido. E o faz com seriedade. No entanto, vestÃgios do conflito da guerra e suas conseqüências podem ser observados em toda a região, que compreende, além de Caçador, outros dezenove municÃpios, integrados numa cooperativa turÃstica que promove a divulgação da região e seus roteiros, sendo alguns deles as águas termais de Piratuba, o artesanato e as tradições folclóricas de Treze TÃlias; a cultura da maçã em Fraiburgo, a cultura da uva com destaque para Videira, Tangará e Pinheiro Preto, a cidade nova de Itá e a construção de barragem.
Interessante ver que mesmo tendo sido uma região bélica por muitos anos — antes mesmo da grande guerra já haviam conflitos por terras em toda a região — o Vale do Rio do Peixe, ou melhor, o Vale do Contestado só contesta uma coisa: o desinteresse de muitos turistas por sua história.
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