Os QGs descartáveis

As associações folclóricas Tukano e Baré, concorrentes no embate que é apresentado como atração principal do Festribal, tem uma forma curiosa para a preparação das suas alegorias. Durante os meses que antecedem o festival, são erguidos galpões com estrutura improvisada em madeira, ambos com as paredes revestidas por lonas vinílicas que heroicamente se mantém em pé até o dia de apresentação (um morador chegou a dizer que durante a construção do galpão da Baré este ano, a estrutura desabou no momento em que eram instaladas as lonas no teto).

Dentro das modestas instalações, o talento dos artistas transformam os projetos em realidade no mais absoluto sigilo para surpreender o adversário no tribódromo. A festa das agremiações totalmente inspirada na disputa em Parintins, tem na coordenação do galpão da Associação Baré um artista nascido na ilha do folclore. Eduardo Araújo, 40, é um artista plástico que há 8 anos trabalha nas alegorias do Festribal. “Trabalhamos com 10 pessoas contratadas e cerca de 40 voluntários que, por amor à Baré, chegam aqui e perguntam no que podem ajudar�, afirma.

Na dependência do material que chega de Manaus, este ano os artistas puderam iniciar os trabalhos apenas 25 dias antes da apresentação. “Não trabalhamos com ferro por falta de recursos, então as estruturas das alegorias são todas de madeira, já a tinta, isopor e o papelão vem da capital� revela. Erguido em um terreno emprestado por uma amigo, o galpão ainda impõe um esforço de cálculo. “Como é tudo no improviso, a gente ainda tem que trabalhar em um chão desnivelado pensando no piso do ginásio que é totalmente plano�, diz o artista entre a preocupação e o orgulho.

Depois de tudo pronto, no dia da apresentação as alegorias já são transportadas para o tribódromo, no lugar das lonas do galpão fake, somente as armações se mantém firmes naquele espaço esvaziado pelo soprar de um vento forte chamado folclore.