Atores das suas vidas

Silvio Ramos
Momento da projeção do documentário para os moradores do Castelhanos
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Roberto D. Jr. · Curitiba, PR
24/10/2006 · 86 · 1
 

O documentário “O Caminho da Escola†aborda a vida de estudantes em isolada região do Paraná

Uma região rural chamada Castelhanos, incrustada na Serra do Mar paranaense, é o cenário do documentário “O Caminho da Escola Paranáâ€. Dirigido pela premiada Heloisa Passos, com recursos do I Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo, o documentário aborda a história dos filhos de trabalhadores rurais que enfrentam uma verdadeira maratona para chegar até a sala de aula.

É lá que vive uma família chamada Barth. Sobrevivendo com o pouco que ganha na produção da banana, economia local, a família deseja melhorar as suas perspectivas lançando nos filhos a oportunidade que não tiveram de estudar. Janete, a mãe, explica que a vida no campo é sofrida por causa da falta de estudo. É por isso que faz questão de ver seus filhos estudando.

Todos os entrevistados sabem a importância da educação para as suas vidas, como Ricardo Lamberg, que acorda às 4h para ir à aula. Ele estuda porque quer “ser alguém na vidaâ€. Pena que o menino na sua ingenuidade não saiba o que isto significa.

Os desafios para esses estudantes são muitos. Além de acordar cedo, muito cedo, e caminhar bastante até o ponto para pegar a condução que o levará até a sala de aula, Caio Estevan explica a impossibilidade de ir para a aula nos dias de chuva, “porque o motorista do ônibus escolar não deixa entrar molhadoâ€.

A batalha pela sobrevivência diária é árdua. Muitos jovens da região desistem dos estudos para ajudar no orçamento familiar. O estudo pode esperar, o trabalho de subsistência não. Afinal, por que estudar se a perspectiva é trabalhar na roça como seus pais?

No início de outubro os moradores conferiram em primeira mão a projeção da obra. Em tela montada no pátio da igreja local, os protagonistas riram e se emocionaram ao verem a sua realidade na grande tela. A sinopse da obra está nas palavras do aluno Caio Estevan: “O caminho da escola é difícil, cheio de buraqueira e é longe até chegar o ponto de ônibusâ€.

Em seus 55 minutos, o documentário escorrega apenas nos momentos em que tenta retratar o cotidiano dos protagonistas. A vida na família e as brincadeiras de crianças estão lá, porém essa rotina parece fabricada. Os “atores†das suas vidas são pessoas simples. É pedir muito para eles agirem com naturalidade em frente a uma equipe de filmagem.

Mas isto não prejudica em nada o documentário. Como não se encantar com as imagens da natureza existente na Serra do Mar paranaense? Outro ponto favorável ao documentário são as questões levantadas: Vale a pena todo o sofrimento para estudar? A divisa social cairá apenas com a educação? Como o ensino suprirá as carências do homem do campo?

A diretora Heloisa Passos, formada em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná e fotografia em Londres, se encantou com o Castelhanos pela proximidade com a capital paranaense, apenas 70 km, e pela simplicidade dos seus habitantes. Heloisa dirigiu diversos trabalhos cinematográficos como “Viva Volta†e “Do Tempo que Eu Comia Pipocaâ€.

Como diretora de fotografia realizou, entre outros, os premiados “O Fim do Ciúmeâ€, de Luciano Coelho, e “Paisagem de Meninosâ€, de Fernando Severo. Como diretora ou fotografa conquistou inúmeros prêmios, tais como Gramado, Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo do Ceará, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Prêmio Aquisição Canal Brasil no Festival de Cinema de Brasília...

“O Caminho da Escola Paranáâ€, realizado em vídeo digital, foi um dos vencedores do I Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo na categoria telefilmes. Este Prêmio foi instituído pela Lei Estadual nº 14.279/2004 e objetiva fomentar a produção cultural de cinema e vídeo no Paraná. Além de “O Caminho...â€, o primeiro edital premiou ainda, na categoria telefilmes, “Made in Ucrâniaâ€, de Augustinho Pasko, e “O Coroâ€, dos irmãos Schumann.

Além desses selecionados, o I Prêmio Estadual, realizado em 2004, selecionou um projeto de longa-metragem, “Corpos Celestesâ€, de Fernando Severo e Marcos Jorge, este em fase de finalização.

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apple
 

Uma colega minha disse certa vez que os bóias-frias, por exemplo, têm que se dedicar bastante para superar as adversidades. Disse que a vida é uma questão de esforço.

Todavia, é complicado dormir pouco, comer pouco, ... a batalha pode ser árdua demais, 'as vezes. Muitos, naturalmente, desistem no caminho.

Além disso, nada justifica tanta desigualdade social!


apple · Juiz de Fora, MG 23/10/2006 22:53
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