Mais da Ãfrica para brasileiros

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chris_falcão · Aracaju, SE
26/10/2006 · 45 · 1
 



80 professores e futuros professores de ensino médio e fundamental em Sergipe estão tendo a possibilidade de aprofundar estudos sobre história e geografia da Ãfrica e sobre cultura afro-brasileira. O Curso de aperfeiçoamento em História e Cultura africana e afro-brasileira, promovido pelo Núcleo de estudos afro-brasileiros (NEAB) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), é um passo para a socialização de informações mais específicas sobre o continente africano e a intrínseca relação de seus descendentes e sua cultura no Brasil. O projeto foi idealizado pelo antropólogo e Prof. Dr. Frank Nilton Marcon, do Departamento de Ciências Sociais da UFS, e financiado pela Uniafro, o Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior, do Ministério da Educação, através de seleção pública de projetos.

O curso teve início no dia 16 de setembro e deve terminar em dezembro desse ano. As aulas acontecem em dois pólos: um no campus da UFS em São Cristóvão, com 40 alunos, e outro no campus Itabaiana da mesma universidade, com 40 alunos.

As disciplinas ministradas são: Educação e relações étnico-raciais, Ãfrica: cultura e política, História e Geografia da Ãfrica, Religiões afro-brasileiras, Africanos no Brasil e Metodologia do Ensino de Estudos sobre a Ãfrica e a Cultura Afro-brasileira.

Dentre os ministrantes está o Prof. Dr. Hippolyte Brice Sogbossi, natural do Benin, antigo Daomé. A presença do professor beninense e de um dos estudantes de Ciências Sociais da UFS, também africano da Guiné Bissau, Abílio, é uma sensação entre os alunos de curso. Além de deslumbrados com as informações didáticas das aulas, as perguntas curiosas sobre a vida na Ãfrica são muitas. A confusão maior é quando alguns alunos tratam a Ãfrica como um só país, e fazem perguntas muito gerais, como uma das alunas que perguntou se haveria um rei ou presidente para a Ãfrica. A explicação é sempre minuciosa e trazendo a luz para o fato de que os países africanos são muitos e possuem informações culturais diferenciadas, mesmo dentro de um mesmo país*.

Essas e outras elucidações estão sendo construídas, e o que mais se comenta entre os alunos é o fato de que tudo é muito novo para eles. No ensino formal, muito pouco da Ãfrica é passado, e sempre de forma relativa. “Eu num tinha idéia de as coisas eram tão diferentes do que a gente vê na novela, nos livrosâ€, afirmou Elialda, uma das alunas do curso.

Cada disciplina é acompanhada por um monitor, que é membro do Neab e estudante de graduação da UFS. Os monitores passaram por um processo seletivo para ocupar a posição. Essa que vos escreve é um desses monitores e posso dizer que a experiência é fantástica, tanto como aluna-ouvinte do curso, e como espectadora do processo de desenvolvimento do conhecimento para aquelas pessoas.

Ao fim do curso, os alunos deverão produzir um texto com foco num dos tópicos dados e relaciona-los com a prática educacional, ou seja, seria a elaboração de um breve projeto pedagógico abordando a cultura afro-brasileira. A grande esperança desse projeto é colaborar para a formação de profissionais educadores mais sensíveis e íntimos da realidade de uns dos elementos fundamentais para a cultura brasileira. Os trabalhos deverão ser publicados numa coleção.
*Isso se deve por conta de que a partilha do continente, feita pelos europeus na Conferência de Berlim em 1884, na qual se ignorou a existência dos reinos, ou seja, existem descendentes de um mesmo reino que vivem em países diferentes.

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Oswaldo Giovannini
 

Oi Chris, legal esta matéria. Estou interessado no assunto. Sou professor de ensino médio (pelo menos quando consigo contrato...). Queira saber mais do projeto, se desenvolve textos e disponibiliza bibliografias para professores fora do estado de SE. Se na área da religião estão trabalhando as religiões locais, como e quais são as tradições afro daí. Enfim, eu também quero fazer o curso (rsrs)...

Oswaldo Giovannini · Leopoldina, MG 27/10/2006 09:43
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