Agradeço a Menossão pela graça alcançada (lê-se em placa de rua e santinho de milheiro). Salve, Menossão, o Rei da Macedônia! (ouve-se, na voz de Zeca Baleiro, gravada em CD exclusivo). I love Menossão (veste-se, em camiseta estampada). Religioso e profano, Menossão pode te curar. Menossi é fashion. É kitsch. Mas nunca brega.
Menossão é um antigo imperador da Macedônia renascido na era contemporânea. Já concedeu entrevista para a Folha de S.Paulo, identificado como o autor do grupo Os Bigodistas, responsável por pintar bigodes em outdoors de bairros nobres de São Paulo. Já foi palestrante em eventos internacionais e chegou a se candidatar para a prefeitura da Bienal de Artes. Não venceu, é certo, mas há três meses conseguiu montar sua primeira exposição individual na Galeria Favo, em plena vila Madalena. Tá de bom tamanho.
Alexandre Menossi, nome de batismo, é uma criação de Túlio Tavares, coordenador do coletivo Nova Pasta e protagonista de uma nova geração de artistas plásticos residentes em São Paulo.
Não ouse perguntar a ele a origem do personagem. Aliás, jamais diga que Menossi é uma invenção. Túlio coleciona diversas provas de sua existência e insistirá: Menossi vive. Cá entre nós, esse misto de fantasia/ realidade/ loucura é um produto sério do trabalho do artista. “Se Tiazinha pode ser celebridade, por que Menossi não pode?”, indaga. Certo ele. Já são quase 20 anos de criações de pistas verdadeiras na construção de um símbolo falso, porém eficiente para testar o papel da arte e da mídia numa sociedade vorazmente consumista.
Na exposição Túlio Tavares X Menossão, o artista plástico reservou uma sala da galeria para trabalhos dedicados a Menossão. Ele e um grupo de 45 artistas, músicos, DJs, jornalistas, fotógrafos e intelectuais, entre eles Nicolau Sevcenko, Ricardo Basbaum, Zeca Baleiro e o coletivo Bijari, fazem homenagem a Menossi em músicas, depoimentos, textos, vídeos, peças de roupa e outros objetos. Segundo o teórico de arte Gavin Adams, “o projeto Menossão é uma peça performática de convencimento”.
A última dessas performances foi registrada em fotografia por Antonio Brasiliano, em fevereiro deste ano, na ocupação Prestes Maia, do Movimento dos Sem-Teto do Centro. Era mais um sábado de eventos culturais organizados pelos moradores e por grupos de artistas e estudantes interessados em dar visibilidade para o prédio e para a luta por moradia das 468 famílias que ali vivem. Várias pessoas, entre elas um jovem negro integrante da ocupação, pintavam os paredes externas do prédio quando a tropa de choque da polícia militar chegou e resolveu levar o garoto para a delegacia. A avenida Prestes Maia foi interditada em manifestação de revolta diante da intimidação. Eis que surge, no meio da confusão, Menossi vestido de Rato.
Essa e outras aparições de Menossi – disfarçado ou não – são colecionadas em registros históricos e conseguem alcançar um ambicioso objetivo: criar a evidência e reinventar a arte que se pretende incontestável. Há rumores de que semana que vem Menossão pode ser capa da Playboy... Vai pagar quanto?
[Texto não-autorizado pelo artista. Ameaçado de extinção]
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