Está aberta, até 3 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a exposição Yoko Ono – Uma Retrospectiva, que apresenta obras da autora desde a década de 60 até os dias atuais. Encontramos de tudo um pouco, entre as mais de 160 peças expostas, que vão de fotografias, pinturas, esculturas a filmes e instalações.
O interessante da exposição é o caráter interativo entre as peças e o visitante, no qual ele pode fazer parte das obras, se incluir no processo criativo e desvendar um mundo novo, sendo pintando um quadro em branco, colocando pregos em uma tela, colando pedaços de xÃcaras de louça ou deixando sua mensagem em uma grande parede.
A exposição também consegue, ou pelo menos conseguiu em mim, desvencilhar a imagem que temos de Yoko Ono como a mulher de John Lennon e um dos pivôs da separação dos Beatles. Esse preconceito em relação à figura de Yoko vai se desfazendo quando descobrimos a artista extremamente original que se faz presente em obras marcantes. A série Blood Objects, de 1993, nos deixa incomodados com os objetos insinuadamente sujos de sangue, como o taco de beisebol um pouco destruÃdo, representando uma das faces cheias de ódio da violência.
Uma das obras mais antigas, a Half a Room, de 1967, nos mostra um quarto todo cortado pela metade, com cadeiras, estantes, armários e bules, todos pela metade. É sempre curioso ouvir a visão das crianças e jovens em exposições como essas, e quando a monitora pergunta para eles qual o significado dessa obra, há sempre as respostas que relacionam a morte de John Lennon e a falta que ele fez para Yoko, fazendo com que ela se sentisse incompleta, assim como o quarto. Na verdade, a data da obra se dá um ano depois dos dois terem se conhecido em Londres. Lennon foi assassinato por um fã em dezembro de 1980, mas a relação entre ele e a artista ainda é marcante para o grande público.
Talvez por isso, uma das obras que eu mais queria ver ao ir à exposição - Ceiling Painting - Yes Painting, de 1966 -, foi justamente aquela pela qual fez o beatle John se apaixonar por Yoko. A escada colocada logo abaixo de uma pintura no teto, que contém o escrito “yes†em letras minúsculas, só é possÃvel de ser lido com uma lupa, presente ao lado da escada. Contudo, a decepção é grande quando em meio a tantas obras interativas, especificamente essa, não podemos interagir. A obra fica somente exposta, não se pode subir na escada e ler o “sim†de Yoko Ono, assim como fez Lennon.
Apesar desses aspectos “burocráticosâ€, saà da exposição com uma mistura de sentimentos contraditórios; após observar tantas mensagens e instalações que transmitem o pensamento da paz e escrever desejos na Wish Tree – “Ãrvore dos Desejosâ€, colocada logo na entrada do CCBB -, voltei para a realidade do centro de São Paulo, onde nem tudo é tão tranqüilo e reflexivo assim. Talvez seja esse contraste que a exposição da artista propõe, entre a esperança que ainda temos e o mundo no qual estamos vivendo.
Pô, que pena que não dá pra gente ler o sim, né ?
estou em votação com umacoisapuxaaoutra, vem me visitar no banco de cultura!
Um beijo, Alcanu
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