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;Desde os anos 80 é muito comum chamar qualquer ritmo desconhecido, desde que não sejam os óbvios e “puristas†Rock, house, hip hop e/ou reggae, e que venham de outro paÃs que não do eixo anglo-americano pelo sugestivo nome de “world musicâ€, principalmente os que são cantados em lÃngua local (que não o inglês) e que tenham um tempero percussivo e alguma caracterÃstica mais rústica e acústica como acordeon ou outro instrumento melódico estranho aos ouvidos despreparados.
Este interessante fenômeno antropocêntrico é bem anterior ao disco que Paul Simmon gravara com o Olodum, mas acredito que foi o seu lançamento que organizou estas prateleiras das lojas de discos colocando o mundo inteiro em um seguimento de mercado dos que não eram europeus do Oeste, Ingleses ou Americanos, os que mais se destacaram neste ciclo foram os Africanos já com um bom mercado consumidor na europa, os artistas que vinham principalmente das colônias francesas foram bem sucedidos neste processo, podemos citar aqui Salif keita e Ali farka Toure de Mali e Manu Dibango de Camarões fatos recentes comprovaram que estes artistas lançavam dois discos da mesma obra um voltado ao seu paÃs e outro ao mercado europeu.
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;Estes e outros artistas em sua maioria produzia a música tradicional de seu paÃs ou região com sonoridades tipicas organizadas com elementos sofisticados que aos ouvidos “gringos†(leia-se gringo como os anglo-americanos e europeus do oeste) soava como um jazz fusion ou cool jazz, mas os anos foram se passando e essa tal de “world music†foi adquirindo outras influências, modificando seus formatos de produção, e o grande boom da internet e das facilidades de produção através de computadores domésticos finalizou todo este processo nos dias atuais.
Sequenciando estes ciclos terÃamos então a primeira geração da World Music, sendo formada por aristas que produzem a sua música local, o que seria equivalente ao que conhecemos como MPB em cada paÃs, com forte sotaque local, elementos acústicos e a presença de instrumentos e ritmos tradicionais, claro que isso tudo sobre a ótica dos descobridores do velho mundo, visto que desde sempre as colônias sul americanas e africanas recebiam guela à baixo a música feita por lá.
A segunda geração é exatamente quando as músicas tradicionais e quase puras começam a se influenciar por musicalidades também tradicionais de outros lugares podemos citar o Afrobeat, que seria o groove nigeriano adicionado ao jazz e funk americanos, e uma tal de bossa nova, um samba de branco com influência do cool jazz americano de Chat baker, em outra tendência da música popular do mesmo perÃodo é legal lembrar da canção “Chiclete com Bananaâ€, onde Jackson do Pandeiro faz a incrÃvel previsão que diz “Só ponho Beboop no meu Samba quando o tio Sam tocar o tamborim.. ... ai eu vou misturar Miami com copacabana†ele nem sabia mas o funk carioca é exatamente Miami bass de Africa Banbaataa com as praias e morros do Rio de janeiro.
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Podemos considerar como terceira geração um grande ciclo 80/90 onde as tendências locais bebem e são influenciadas pela música pop mundial assim artistas de paÃses centrais e periféricos assumem as influências vindas de ambos os lados, é só ai que o velho mundo cria o termo World Music, ou pelo menos é quando ele tem mais destaque, percebam artistas como o próprio Paul Simon, Talkin Heads, Beck, Asian dub foundation, Orishas e até mesmo o Chico Science e Nação Zumbi, que com seus sotaques subvertem tradições alheias a outras sonoridades criando deliciosos coquetéis rÃtmicos revigorados pela mestiçagem pós-moderna.
No ciclo mais recente desta tendencias percebe-se fenômenos socio-econômicos de apropriação dos meios de produção e o uso da internet como as principais ferramentas da modificação estética da música do mundo.
;As regiões periféricas das grande metrópoles tropicais começam a ditar as suas estéticas sonoras criando novas batidas em cima de ritmos já conhecidos, invertendo o sentido da produção cultural que sempre foi do centro pra as margens, colocando um casebre conectado a internet como o protagonista da nova cena mundial, que alguns denominam de Gethoteck, literalmente música eletrônica do getho, periferia, favela.
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De Luanda vem o Kuduro, variação eletrônica do zouk, acrescido de vocais de hip hop e ragga, com timbres de eletro em métricas quebradas, da Buenos Aires vem a cúmbia digital, na capital porteña o ritmo colombiano tão popular em toda américa latina ganha baixos pesados de Dub, vocalizações de rap e grooves sincopados, do Brasil o já conhecido e renovado Funk Carioca agora encontra um parceiro à altura pra dividir as pistas mundiais, vindo de Belém do Pará o Tecnobrega é o guarda-chuva que reúne as variações eletrônicas do Brega, estilo popular do norte e nordeste brasileiro que surge nos idos dos anos 70 reverberando na região o sucesso do Iê-iê-iê dos Beatles e da Jovem Guarda de Roberto Carlos, Re-temperados pelos lamentos latinos do Bolero.
No Tecnobrega tem cyber, eletromelody e o tecnomelody todos com teclados e bateria eletrônicas embalando as Aparelhagens amazônicas, uma espécie de Sound System que arrasta milhares de pessoas em toda a região norte do Brasil.
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Acredito que a quinta onda não tarda a se organizar como um fenômeno real, alguns primeiros passos já começam a ser dados onde nestas produções eletrônicas locais da quarta onda, Djs, produtores e bandas começam a fundir as ultimas expressões da Gethoteck criando outras possibilidades, os Djs europeus do Balkan beats já começam a a acrescentar o batuque do maculelê caracterÃstico do Funk carioca, bem como o Djs deo eletromelody paraense fazem belÃssimos remixes de tecnobrega com Cúmbia, em Recife uma nova cena de Brega encabeçada pelos Mcs Sheldon, Cego e Metal misturam viradas do Funk dos morros do Rio com as batidas do Brega eletrônico de Belém criando uma sonoridade que de tão nova ainda nem tem nome.
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