Pensando sobre o Samba na Lapa de 2007

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Guto Mello · Niterói, RJ
26/3/2007 · 62 · 1
 

Neste artigo tento dar privilegio as questões performáticas e simbólicas do brasileiro no Rio de Janeiro, pois ela condensa um grande número de dinâmicas e aponta para distintos percursos e indagações que podem estimular a imaginação de outros atores sociais. Baseio-me em pesquisa de campo, observação direta, participação em eventos e entrevistas, e em análise de material escrito, como notícias de jornais, panfletos de divulgação e etc.

O que pude notar após estar em campo e que os freqüentadores desses espaços de Samba se organizam, com freqüência, e fazem festas públicas e privadas, visto que na Lapa contemporânea a tendência é cada vez mais organizarem festas de caráter fechado e privado, mesmo que o local seja público os preços cobrados na entrada e o valor da consumação segrega pessoas de certo padrão social, leia-se camadas médias urbanas. Todavia os objetivos: confraternizar, comemorar aniversários, apresentar novas pessoas às redes de amigos apesar do caráter privado privilegia as relações sociais na minha visão de quem anseia ser antropólogo.

Os bares, restaurantes e as casas de música e espetáculo são cenários importantes onde se processa a imagem do Brasil, através da sua música, dança, bebida ou comida.

A interação social se dá através da performance dos músicos e a participação do público é muito importante nessa interação artista e público. Esses elementos simbólicos são resignificados e refeitos a cada dia é como se a música estive em “fase de crescimentoâ€, sendo realimentada a cada dia a cada nova apresentação e a cada diferenciado tipo de público.

Sem dúvida, os artistas brasileiros residentes no Rio de Janeiro têm um papel fundamental na construção e reprodução de imagens do Brasil.

Entre eles encontram-se artistas plásticos, fotógrafos, dançarinos e outros. Destacarei, aqui, apenas o papel dos músicos. A música brasileira atinge regularmente a um amplo público através de diversos meios de comunicação, todavia me deterei a análise dos freqüentes espetáculos ao vivo que acontecem na Lapa.

Conscientes do alcance global do Samba enquanto manifestação cultural, um dos objetivos dos organizadores é dar ao Rio de Janeiro um tom internacional, único em comparação a outras cidades do mundo. Assim, o Samba se abre a manifestações carnavalescas e é visto como identidade nacional, o que atrai muitos estrangeiros para a Lapa contemporânea, é normal você ver grupos grandes de gringos em eventos de Samba na cidade do Rio de Janeiro.

Seus organizadores pensam a si mesmos como participantes da fundação de um evento que irá além das diferenças étnicas e nacionais, corporificando, esperam, as qualidades universais do Samba. De fato, em todos estes símbolos tem sido um palco para grupos representativos dos estilos de dança e música no Rio de Janeiro e no Brasil.

Percebi no discurso tanto dos músicos como dos freqüentadores que o discurso Gilberto Freyriano está presente nessas casas que visitei, o clube dos democráticos e o complexo de botecos beco do rato falavam em mistura em muitas culturas juntas que o Brasil é lindo por essas características.

Todavia em outros momentos o discurso mudava com alguns músicos levando muito a sério o aspecto das raízes e a busca pelo autêntico e o autoral. Essa ambigüidade a qual nos estamos familiarizados pelos nossos temas de estudo é muito gritante também. Por exemplo, o discurso às vezes é um e o comportamento outro.

Queria aqui ressaltar a importância da pesquisa para o entendimento de uma reconfiguração do Samba e do Chorinho e das músicas Brasileiras, é possível perceber essa mudança visualmente, a própria audição da música se torna um pouco secundária no Beco do rato ali parece ser mais um ambiente de socialização de diversos interesses, enquanto que no clube dos democráticos uma boa parte do público para ver o show e apreciar a performance musical e compartilha daqueles símbolos, enquanto que outra parte do público está mais preocupado com a dança.



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Guto Mello
 

OI galera nem me identifiquei sou estudante de ciências sociais da UFRJ e sou Produtor Fonográfico, trabalho na área de sonorização ao vivo para shows e espetáculos teatrais e desde que entrei no IFCS - Instituto de filosofia e ciências socias, venho pensando como refeltir música, cultura e atualidade ... abraços Heramno adorei sua palestra no IFCS ontem !!!

Guto Mello · Niterói, RJ 22/3/2007 11:31
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