Cinema Processo e prática simbólica

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bucadantas · Natal, RN
23/5/2007 · 91 · 1
 

Histórias são vividas no plano real e significadas no plano simbólico. Os fatos, esses sim, são a própria coisa [ou relação de coisas] existente, plasmada. De outra ordem dá-se a narrativa conceitual desse mesmo fato. Ao longo da História e do desenvolvimento dos métodos e formas comunicacionais, muitos, variados e até conflitantes foram os códigos, e conseqüentes formas de encadeamento do conhecimento.
Vamos nos concentrar num deles, surgindo no século XIX, consolidando-se no século XX e que entra no século XXI completamente metamorfoseado: o Cinema. E aqui cabe ressaltar o Cinema com inicial maiúscula, como a representar o exercício da manifestação sígnica-cultural através da série de práticas laborais necessárias a sua existência. O não-entretenimento, que fique bem claro.
Não há uma homogeneidade de definição do cinema. Entretanto, um dos pilares dessa manifestação é a existência de uma peça audiovisual disposta à apreciação de um público motivado convencionado em um tempo e um espaço definidos. E aqui aponto duas situações: uma sala, tela branca estendida ao fundo, projetor de película [35mm], cadeiras enfileiradas em seqüência, pipoca e sal a gosto e um grupo de pagantes. A outra seria um campo aberto, uma tela de televisão, as estrelas e convidados sentados no chão.
Essas duas situações, aparentemente contrárias, podem ser definidas como a finalidade [ou fim último] da realização cinematográfica: a fruição da obra pelo público. Mas uma diferença básica [e fatal] marca a ponta final das duas situações e vai definir a cadeia produtiva, desde o começo das empreitadas: o dinheiro como mediação de troca entre a obra exposta [exibição] e o público. Uma é paga, a outra é gratuita.
E será essa intermediação do dinheiro, da mensuração da obra em um valor monetário para a sua fruição, que irá definir a sua concepção. Uma coisa é a realização de uma obra cinematográfica para fins de mercadoria; outra diametralmente oposta e em nítida rota de colisão é uma obra cinematográfica como resultado de uma prática simbólica reconhecida como de grupo; social, econômica e temporalmente.
O cinema processo surge como conseqüência das novas formas de trabalho imaterial buscando uma consciência de grupo. Pressupõe o imperativo não só da criação do novo, mas da releitura do velho para a sobrevivência de práticas eco-sociais e sua conseqüente inserção e transformação na contemporaneidade. Sabedoria tradicional interferindo nas novas exigências de existência. O velho e o novo de mãos dadas na construção de novas simbologias.

Buca Dantas
Diretor do filme “Viva o Cinema Brasileiro!”

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FILIPE MAMEDE
 

Muito bom Buca. Excelente artigo...muito bem escrito. Você bem que poderia desenvolver um pouco mais a temática do cinema processo; de repente explicar um pouco mais.
Quanto à diagramação, seria bacana dar um 'espaço' entre os parágrafos; isso agiliza a leitura, deixa mais harmonioso, digamos. Um abraço.

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 23/5/2007 11:33
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