DJ Tubarão, centro
Movimento Hip Hop Manaus busca recursos para abrir, finalmente, a Casa do Hip Hop
Era uma casa muito engraçada. Organizado há 12 anos, o Movimento Hip Hop Manaus (MHM) tem na educação dos jovens da periferia o principal foco de suas atividades, por meio de parcerias com escolas e associações comunitárias. Não tinha teto, não tinha nada. Na base do voluntariado, sem mãozinha pública ou privada, realiza mostras de dança, de grafite, organiza palestras e forma jovens monitores para escolas das redes públicas de ensino.
Ninguém podia entrar nela não. Mas há 12 anos luta para ter uma sede própria, um Centro Cultural que abrigasse – e bancasse – essa produção artÃstica e que alargasse as possibilidades educativas do movimento. Porque na casa não tinha chão. E há 12 anos sofre com o isolamento, com a indiferença do poder público e com o quase completo anonimato. Neste ano, entretanto, o MHM decidiu partir para o ataque: confeccionou um projeto detalhado da Casa do Hip Hop, seguindo todas as normas técnicas, fechou parceria com ONGs que atuam na cidade e agora começa um trabalho de divulgação em massa do material e de busca de recursos para viabilizar o projeto.
De acordo com o DJ Marcos Tubarão, um dos fundadores do MHM, a criação de um centro cultural sempre foi uma reivindicação do movimento – surgido em 1994 devido à necessidade de se organizar as diversas equipes de break e de grafite que já existiam em Manaus desde o inÃcio dos anos 80. O objetivo do grupo era imbuir consciência polÃtica na arte desse pessoal, dando à educação o papel de destaque nas atividades do MHM. “Encarar o hip hop como ferramenta para o conhecimentoâ€, resume Tubarão.
O modelo do centro cultural proposto pelo MHM foi inspirado na Casa do Hip Hop de Diadema, no estado de São Paulo, depois que DJ Tubarão passou alguns dias por lá conhecendo essa experiência. Toda essa parte de cursos, oficinas e palestras, entretanto, não será nenhuma novidade para os integrantes do MHM, que já vêm realizando trabalho semelhante em escolas de Manaus.
Deixando um ideal
Em 1997, o MHM criou o projeto Hip Hop na Escola, que passou a funcionar na Escola Municipal Professor João Chrysóstomo (São José II). Sempre aos sábados, o grupo leva mostras de grafite, pequenos espetáculos de dança e ainda realiza oficinas com os jovens das zonas periféricas da cidade. De acordo com Tubarão, o MHM trabalha diretamente com as comunidades, descobrindo quais são os problemas especÃficos de cada lugar e buscando uma maneira de adaptar as possibilidades do grupo à s necessidades do local.
No decorrer dos anos, o projeto foi crescendo, mesmo sem nenhum tipo de remuneração para seus participantes. “Não há ninguém que apóie, é tudo voluntárioâ€, informa o DJ. Apesar de manter sede na João Chrysóstomo, o projeto começou a ser solicitado para eventos em outras escolas. Nessas ocasiões, o movimento designa jovens monitores em cada colégio, e depois passa a supervisionar os trabalhos periodicamente. Atualmente, diversas escolas públicas da cidade contêm grupos ligados ao MHM, como a Júlia Bitencourt, no bairro da Compensa; a Waldir Garcia, em São Geraldo; e a Alfredo Linhares no São José I, para citar alguns exemplos. “Nós deixamos um idealâ€, conta Tubarão. Depois é ficar observando como “um trabalho fomenta novos trabalhosâ€, nas palavras do DJ.
Detalhes do projeto
A Casa do Hip Hop funcionaria da seguinte maneira: cursos e oficinas de segunda a sexta-feira; e eventos especiais (como palestras, seminários e conferências) aos sábados e domingos, isso sem contar com exposições de artes plásticas, fotografia, poesia e afins. Os cursos são de teoria musical, canto, discotecagem, produção musical, dança (b.boying, locker e popper), grafitagem e desenho. Na parte de palestras e seminários, o MHM também propõe uma série de temas com foco social, como cidadania, desenvolvimento comunitário, drogas, violência, mercado de trabalho e planejamento familiar, para citar alguns. O próprio MHM já dispõe de uma equipe de instrutores e coordenadores para cuidar dessas questões, mas não dispensaria parcerias com ONGs, órgãos governamentais, escolas, lideranças comunitárias e veÃculos de comunicação.
Quaisquer que sejam as atividades – é importante ressaltar –, o que o MHM quer com a Casa do Hip Hop é tocar esse movimento cultural como um complemento para a educação, incentivar a busca pelo conhecimento nos jovens e ajudar a reintegrá-los à s famÃlias. A Casa do Hip Hop é cidadania, e seria feita com muito esmero, não fossem os bobos, de visão zero.
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