Shirley Nogueira é uma artista singular, que desenvolve a poética da sensualidade feminina, se apropriando das paradoxais relações humanas capturadas por meio de frases comuns. Também atua como professora ministrando aulas de artes plásticas na Faetec, e tem participação regular no meio de arte desde 1989. Na presente série de trabalhos expostos na galeria Espaço Imaginário, o que está em pauta é uma linha de pesquisa desenvolvida pela artista, em que a questão temática explicitada pela forma, busca um diálogo com a questão dos materiais escolhidos. Estes materiais estão representados por técnicas variadas de colagem de papel e couro tingido, além da presença do aço e do arame farpado como elementos frios que cortam bruscamente a delicadeza das formas coronárias.
Esta temática parte do coração ou mais precisamente da maneira corriqueira de se falar do amor. Logo, pode-se dizer que as frases clichês do dia-a-dia, são os agentes temáticos que impulsionaram a criação da artista. Utilizando uma forma também corriqueira de construção simbólica do coração, ou seja, preenchendo na superfície de pequenas esculturas de isopor, que se encontram repetidas em série, a artista aplica os pedaços picotados de couro tingidos com um vermelho intenso. Shirley Nogueira cria uma série de situações em que a metáfora oscila para a metonímia, onde os corações passam a representar materialmente o amor ou todo o amor presente nos complexos jogos e relações interpessoais, indo além dos conceitos habituais atribuídos a este ícone hiper-popular - o contorno simplificado do coração. Nota-se, que no trabalho de Shirley os títulos funcionam justamente como âncoras que apreendem o sentido intencionado pela artista, diante de um vasto oceano de possibilidades. Por este motivo, destacam-se obras como: “Possessão”, no qual vemos um quadro de um coração em auto-relevo atravessado por diversas diagonais de arame farpado, “Armadilha” que consiste em uma interessante instalação de aproximadamente 15 ratoeiras na iminência de aprisionar os pequenos “corações-presas” e “Amor alimento da alma”, onde o espectador é instantaneamente capturado pela sugestão do prato que está sendo servido pela artista, entre outras. Todos os trabalhos possuem, portanto uma narrativa onde os títulos apaixonados traduzem exatamente o que as formas encenam.
Renata Gesomino
Doutoranda na linha de História e Crítica da Arte pelo PPGAV-UFRJ
Rio de Janeiro, junho de 2010
A exposição de Shirley Nogueira pode ser vista até dia 09 de julho de 2010, na Galeria Espaço Imaginário.
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