VivOcarnaval
Estamos tomados, cercados pelos blocos de carnaval; todos na rua. Em todas as partes da cidade há alegria, diversão, sacanagem; fantasia, cores de ilustres cidadãos. Entre redes de adereços, marchinhas de história e muitos objetos exemplares da cultura do 1 real. Trecos quaisquer, que encantam e animam: varas de pescar com latinha de skol, máscaras das mais criativas, apitos e chocalhos de plástico, irritantes zombadeiros. Belos trajes, inocentes intenções, mistérios revelados.
A cidade já não responde à altura da estética popular, as fachadas não mais vibram, não há enfeites urbanos, luminárias, bandeirolas, caravelas, cavalos, gigantes... Onde esta a riqueza estética dos blocos e da avenida? Não deveria estar nas ruas também? Vemos no viaduto do Santa Bárbara, atrás da SapucaÃ, a Nestlé e seus deliciosos docinhos. Não somos leitores inocentes, passivos, mas seres constituintes de vida, alma e animação. Queremos ver a cidade comunicar o carnaval, se expressar. Queremos ver artistas, pintores, escultores, designers, arquitetos e músicos expondo nas ruas a vocação da cidade maravilhosa, ajudando-a a falar do carnaval. Para a cidade, por todos nós. Para os que nos visitam e nunca esquecem. Para os que Zombam. VIVOCarnaval.
Nunca esqueceremos, mesmo tendo havido poucas manifestações sobre o tema. Nunca esqueceremos da intervenção urbana publicitária feita pela vivo nos dois últimos carnavais. Tento descrever o que recordo das imponentes peças. Presentes em quase todas as partes da cidade os “belos†painéis pareciam uma mistura de produção de escola de último grupo (não entendo nada de escolas de samba), com vinheta sensacionalista do globo repórter. Desrespeitando completamente as escalas da cidade, suas peculiaridades formais e usos; e com uma estética meio Rolling Stones; em 2004 a campanha impenhava uma “marca†que poderia estar na exposição erótica em cartaz no CCBB nesta temporada. Parecida com a boca dos Rolings Stones, promovia algo meio rock in roll, com cores pesadas e fundo preto. Até os painéis publicitários do próprio Rolling Stones in Rio, com cores mais suaves e a ilustração revisada, estavam muito melhor sintonizadas com a cidade.
Por fim TÃnhamos algo mesmo assustador, e estava por todos os lados, como uma praga. Em cada lugar parecia de um jeito, à s vezes mal se via, à s vezes atrapalhava o próprio trânsito. Sempre iguais, não possuÃam qualquer lógica com a estética do carnaval ou do próprio Rio.
No ano seguinte repetiram o erro, pois errar é humano. ConstruÃram os mesmos painéis negro, meio 80´s, com ilustrações, que na composição não contribuÃram muito. Sem o fundo preto e as pesadas armações de alumÃnio também preto e com algum esforço a mais., com certeza, tudo seria diferente.
Mais nada de projeto para a cidade, nada de cultura também, queremos é coisa rápida e fácil. Não precisamos informar, encantar, contribuir, construir, implementar e cooperar. Nada disso tem a menor importância, posto que competimos!
Não nos preocupemos com a cidade. O espetáculo assume novas formas, cansado, não pretende parar.
Na medida do possÃvel, melhoramos nossas ruas, promovemos os mesmos Rolling Stones, teriam ouvido o surto criativo vivo de 2004? Aparamentamos a cidade nesse dia, ou ao menos Copacabana, coisa fina, palco que desliza 25 metros platéia a dentro.
Poucos se prontificam a embelezar nossas ruas, praças e avenidas. Já não vejo mais manifestações da própria população, não se tem tempo, provável. Em meio a tantas festas, tanta informação, tanto zunido, tanto trabalho. No bola preta só não vai quem já morreu.
Hoje cedo eu vi um bloco, um bloco de carnaval, era dia e tava cheio, vi todos na rua, Rio Branco Lotada, muito melhor do que qualquer Stones na Praia, vi o povo sabendo cantar, sentindo si mesmo, presente, vi IDENTIDADE. Gostei do que vi.
Todos ficaram na cidade atrás dos blocos, que não cansam de inovar, e trazem de volta o carnaval às ruas. Não vi vivo, mas oi, ou tim. Todas contribuindo seriamente para a festa, refrescando o bloco com abanadores de super-heróis.
Não há super-man, rock in roll, ou docinhos sortidos que acabe com a essência do carnaval carioca. Todos sambam sem parar, todos são filósofos no carnaval.
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